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A segurança psicológica é a nova fronteira da saúde organizacional

Já sabemos como proteger o corpo. Mas e a mente?

Durante muito tempo, falar sobre segurança no ambiente de trabalho significava, essencialmente, tratar da integridade física: evitar acidentes, controlar riscos químicos, adotar equipamentos de proteção. Esse cuidado se tornou parte essencial da responsabilidade das empresas. É visível, mensurável, normatizado e, em muitos contextos, muito bem cumprido.

Mas os tempos mudaram. E com eles, mudaram também os principais fatores de risco dentro das organizações.

Hoje, o que mais adoece, afasta e desmotiva os profissionais não são quedas, choques ou lesões. São pressões invisíveis, ambientes hostis, relações de trabalho frágeis e o sentimento de não pertencimento. São os riscos emocionais.

É nesse cenário que a segurança psicológica se torna não apenas uma pauta atual, mas uma necessidade urgente.

O que é segurança psicológica?

O termo foi popularizado pela professora de Harvard, Amy Edmondson, a partir de suas pesquisas com equipes de alta performance. Segundo ela, segurança psicológica é a crença compartilhada de que o ambiente de trabalho é seguro para a tomada de riscos interpessoais.

Em outras palavras: é a percepção de que podemos ser nós mesmos no ambiente de trabalho — com autenticidade, vulnerabilidade e voz ativa. Que podemos expressar opiniões, pedir ajuda, discordar com respeito e até cometer erros sem medo de sermos punidos ou desvalorizados.

Não se trata de “conforto constante”, mas de um ambiente onde há confiança, respeito e abertura genuína para o humano.

Por que isso importa tanto?

Porque em ambientes inseguros psicologicamente, as pessoas se silenciam. Evitam riscos. Escondem problemas. Fingem concordar. E aos poucos, se afastam emocionalmente do trabalho.

Já em ambientes onde há segurança emocional: a inovação cresce, os vínculos se fortalecem, os erros viram aprendizados, e a saúde mental se torna parte da cultura — não apenas uma ação pontual ou emergencial.

Como cultivar esse ambiente na prática?

Criar segurança psicológica é uma construção contínua, que envolve:

– Lideranças conscientes e preparadas: com escuta ativa, empatia e capacidade de lidar com conflitos com maturidade.
– Espaços de fala reais: onde as pessoas são ouvidas com abertura e sem julgamentos.
– Clima de confiança: onde vulnerabilidades não são vistas como fraquezas.
– Cultura de aprendizado: onde errar não gera medo, mas oportunidade de crescimento.

Segurança psicológica é saúde. É produtividade. É cultura.

Assim como temos protocolos para proteger o corpo, precisamos de práticas que cuidem da mente. Isso exige sensibilidade, compromisso e, acima de tudo, a coragem de olhar para o que realmente está adoecendo as relações de trabalho hoje.

A boa notícia? Esse cuidado começa com pequenas atitudes e pode transformar profundamente a forma como vivemos o trabalho.

 

Abril – 2025
Thaís Facco

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