Ainda é comum ouvir, de alguns profissionais, que o estagiário é uma mão de obra pouco qualificada, destinada a atuar em frentes que exigem pouca responsabilidade. Uma função quase invisível, que não requer muito investimento ou atenção. Do outro lado, também vemos jovens que ainda encaram o estágio sem compromisso, apenas como uma exigência curricular, algo a ser cumprido, sem de fato se envolverem com o que estão fazendo. E aí, quando menos percebemos, estamos reforçando aqueles estereótipos de que “a geração tal” não é compromissada o suficiente e que esses jovens não estão preparados para o mercado de trabalho.
Vez ou outra, me pergunto se nós, dessa tal “geração passada”, não somos os verdadeiros responsáveis por essa desprofissionalização da geração atual. Estamos realmente ensinando aos nossos estagiários sobre as profissões? Estamos colaborando com o crescimento deles e atribuindo responsabilidades de verdade?
A experiência do estágio pode (e, na minha opinião, deveria) ser uma grande oportunidade para ambas as partes: líder e liderado.
Contratar (e, por favor, qualificar) um estagiário não é apenas preencher uma vaga. É apostar no potencial humano. É investir em pessoas que ainda estão construindo suas referências, testando limites, descobrindo e aprendendo do que gostam. É abrir espaço para trocas, para novos olhares, e trazer outras possibilidades para o dia a dia. E é, principalmente, abrir portas para futuros profissionais que, se bem acompanhados, podem se desenvolver e contribuir muito.
E eu falo sobre “se desenvolver” com propriedade, porque hoje, depois de 11 anos atuando na minha área de formação e há alguns anos supervisionando jovens que estão começando suas jornadas profissionais, posso afirmar que ainda colho frutos das experiências que vivi no meu período acadêmico.
Meu primeiro estágio foi também o meu primeiro emprego efetivo na área da Comunicação/Marketing. E foram justamente essas primeiras oportunidades que me abriram grandes portas, me fizeram crescer, me trouxeram vivências, aprendizados, colegas que se tornaram amigos e mentores. Quando olho pra trás, percebo que o estágio foi mais do que uma função temporária, foi o início da minha trajetória profissional.
Por isso, hoje, em cada processo seletivo, no acompanhamento diário ou na construção de programas de estágio, tento sempre levar comigo tudo o que aprendi nessa caminhada que começou lá atrás. Acredito que vale a pena escolher com cuidado, dedicar tempo à formação, incluir estagiários nas conversas importantes e criar um ambiente que eles realmente possam aprender e contribuir.
Até porque, vale lembrar sempre: ninguém começa pronto. Todo mundo começa de algum lugar. E muitos estudantes, quando têm a chance de vivenciar o estágio com apoio e dedicação, levam a experiência a sério e se tornam verdadeiros destaques no dia a dia profissional.
Junho – 2025
Esthefanie F. Favero
Deixe um comentário