Capital psicológico positivo: o que é e como gerenciar

26.03.2021 | Empresas

Capital psicológico positivo: o que é e como gerenciar

O ativo mais valioso de uma empresa é o seu capital psicológico. Pesquisas o associam a um melhor desempenho, valor agregado, lucratividade e satisfação com a marca empregadora.

 

Desde antes da pandemia, o setor de Recursos Humanos já vinha desenvolvendo formas cada vez mais próximas do que entendemos por “humano” a fim de potencializar o trabalho e contribuir para uma gestão de pessoas mais sustentável e organizações mais conscientes.

A investigação do comportamento organizacional resultou na criação de um conceito importante que revitaliza tanto o relacionamento individual com o trabalho como os métodos de gestão de pessoas. Trata-se do psycap, traduzido como capital psicológico positivo. 

Neste artigo, você aprenderá sobre o que é o pyscap, como ele contribui para o desenvolvimento de equipes, aumento da produtividade e até mesmo o impacto social que ele gera. Leia abaixo!

 

Capital psicológico: o novo recurso 

Ainda é forte a percepção do trabalho/trabalhar como algo ligado exclusivamente a geração de renda para subsistência. Não é à toa; trata-se de uma herança histórica e cultural que tem persistido ao longo dos séculos. Isto porque na era feudal, o trabalho era exclusivamente dos servos e camponeses – a classe que, justamente devido ao trabalho, não tinha oportunidades de aproveitamento da vida e de ascensão social. 

O trabalho já era previsto em sua linhagem e definia muito mais do que sua rotina: definia sua identidade, seu lugar na sociedade e, por extensão, sua visão de mundo.  

O aproveitamento da vida, com todos os seus prazeres e oportunidades de aprendizado, era privilégio apenas dos burgueses – também chamados de suseranos. Hoje, se fazemos parte de uma realidade em que pessoas adoecem e anulam sua identidade por conta de atividade laboral, é resquício desse período.

O Capital Psicológico Positivo é uma proposta recente que rompe com a visão limitante e adoecedora do humano como mero recurso. Na verdade, a trajetória de vida de todo colaborador já é uma prova de que ele mesmo não é um recurso; tratá-lo assim é negligenciar seu potencial de aprendizado, dedicação e contribuições para a organização.

Por procurar o que existe de positivo em cada indivíduo dentro da organização e estar intimamente ligado à saúde mental, ele vem sendo usado como base de uma liderança positiva e gestão humanizada de pessoas. 

Do inglês psycap, foi traduzido como capital psicológico positivo. Refere-se a estado psicológico positivo de desenvolvimento caracterizado por quatro elementos resumidos pelo acrônimo HERO (ou “herói”, em inglês), que significa:

Hope: esperança

Efficacy/self-efficacy: eficácia/autoeficácia

Resilience: resiliência

Optimism: otimismo

 

Crescimento, valor e lucro com saúde

Segundo pesquisas, quando o gestor desenvolve o capital psicológico positivo da equipe, transforma aquilo que cada membro tem de positivo em um ativo mais elevado. Por trabalhar forças individuais ligadas à saúde mental e emocional, o colaborador desenvolve mais capacidade para lidar com adversidades e desafios com mais confiança e persistência. 

Como consequência, isso gera benefícios em quatro âmbitos: (1) crescimento e lucratividade para a empresa, pois os colaboradores se sentem valorizados e mais conectados ao seu trabalho; (2) maior aptidão para a vida pessoal do colaborador, pois seu aprimoramento não se restringe ao ambiente de trabalho; e (3) gera impacto social, por investir na cidadania do indivíduo; e, por fim, (4) posiciona a marca empregadora como agente de transformação social, agregando-lhe valor de forma positiva no mercado. Cadeia interessante, não é? 

Não é à toa que o professor Fred Luthans, um dos mais destacados pesquisadores de gestão organizacional da Universidade de Nebraska (EUA), defende que o psycap seja desenvolvido em comunidades e até mesmo em países.

 

Como incorporar o psycap na sua empresa

Fortalecer o capital psicológico de uma empresa envolve investir no aprendizado contínuo de equipes para lidar com situações que fogem do âmbito técnico. Como trata-se de habilidades socioemocionais, é preciso estruturar um plano de aprendizado específico que envolva o desenvolvimento de recursos comportamentais e de inteligência emocional. 

Afinal, como se ensina a exercitar esperança, resiliência, otimismo e autoeficácia? Para montar um roteiro de aprendizado específico e que vá contribuir com o perfil cultural da empresa, antes de tudo, é preciso considerar três pontos:

 

  1. Que tipos de desafios foram superados com sucesso;
  2. Que tipos de desafios foram mais difíceis ou não foram superados;
  3. E que efeitos a atual estratégia de negócios tem gerado no desempenho do colaborador.

 

A partir disso, a gestão conseguirá montar com clareza estratégias de enfrentamento bem como um roteiro de aprendizado cujos PDI’s (Plano de Desenvolvimento Individual) estejam alinhados a estratégia de crescimento coletivo (no caso, Plano de Desenvolvimento Coletivo). 

Além disso, é possível adotar atitudes práticas que fazem a diferença e contribuem para o fortalecimento do capital psicológico da empresa. Veja algumas delas: 

 

Trate os problemas com base em fatos e dados: segundo o pesquisador James Avey, ao deixar de cumprir uma meta a equipe tende a se culpar. A melhor maneira de lidar com isso é diagnosticar a situação listando os fatores externos que a equipe não poderia controlar e que contribuíram para a dificuldade ou insucesso. 

 

Valorize o sucesso da equipe: deixe que as pessoas experimentem o sucesso. Se as pessoas compreendem detalhadamente qual foi sua contribuição para o sucesso de um projeto, a lição aprendida torna-se replicável.

 

Invista nos pontos fortes e talentos: se um membro da equipe possui uma capacidade acima da média que contribui para a resolução de problemas, torne ela o centro de uma atividade ou projeto. Isso pode beneficiar toda a organização e, com isso,  você estimula a autoeficácia, esperança, otimismo e resiliência do colaborador.

 

Estimule a flexibilidade: seja por antecipar possíveis obstáculos ou gerar mais autonomia criativa e laboral, tornar visível os caminhos alternativos disponíveis eleva a esperança, o otimismo e a união da equipe. 

 

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Fonte:

Corrêa, A. P. (2017). Capital Psicológico Positivo: um estudo sobre a Psicologia Positiva no contexto organizacional. UFF
Geremias, R. L. (2017). O Capital Psicológico como facilitador da aprendizagem. Univeridade Presbiteriana Mackenzie
Pinto, L. C. (2017). Capital Psicológico no Trabalho. UniCEUB