05 formas de investir no seu autoconhecimento

11.09.2020 | Pessoas

05 formas de investir no seu autoconhecimento

 

Muitas vezes visto como uma condição de poucos ou inteligência “de berço”, é preciso enxergar o autoconhecimento como um exercício. Isso nos dá condições e motivação para buscar os meios de torná-lo uma parte de quem somos. 

Na Grécia Antiga, o filósofo Sócrates declarou que a vida não examinada não valia a pena ser vivida. Tanto é que ele resumiu todos os seus mandamentos filosóficos na famosa frase “Conhece a ti mesmo”.

Uma pesquisa rápida no Ubbersuggest revela um aumento chamativo na busca pelo termo ‘autoconhecimento’ no Google a partir de abril deste ano. O que isso significa? Que as pessoas estão sentindo cada vez mais a necessidade (natural e bem-vinda) de conhecerem melhor a origem de seus hábitos, motivações e medos para lidarem com os desafios da vida.

De fato, uma análise franca da nossa história deve nos gerar mais segurança para construir o futuro que queremos para nós, mesmo que entremos em contato com pontos não tão agradáveis assim. Tornar-se aquilo que sonhamos ser envolve uma boa dose de trabalho mental para deixar vir à tona aquilo que somos no íntimo.

Este artigo traz cinco formas possíveis de se investir no autoconhecimento, entre técnicas e recursos, para fazer dele um exercício estimulante e parte de quem você é.

 

O que é o autoconhecimento?

Muitos enxergam o autoconhecimento como uma inteligência “de berço”, saber de seus gostos pessoais, motivações e defeitos. Porém, é muito mais do que isso: o autoconhecimento diz respeito à consciência de nossa essência como indivíduo.

Para além de defeitos e qualidades, trata-se de conhecer nossos medos, o que desejos alcançar, como temos conduzido nossos passos e o que fazemos quando algo nos atrapalha. Em outros termos, é entender como criamos nossa felicidade e desenvolvimento em meio à frustração e a decepção. À medida que isso fica mais claro, entendemos melhor a nossa personalidade como um todo.

 

Benefícios do autoconhecimento

Um dos maiores benefícios de conhecer-se é viver sem autocomiseração, medo ou culpa por erros passados ou acontecimentos que não compreendemos bem naquela época. Isso gera maior controle da ansiedade, melhores decisões, respeito por si mesmo, mais harmonia nos relacionamentos, escolhas mais inteligentes e mais gosto de viver.

Não é à toa que o autoconhecimento encabeça a lista de critérios básicos para melhor desempenho no trabalho e para o empreendedorismo. O desenvolvimento da carreira é efeito do desenvolvimento de si mesmo.

 

Dá para medir?

Existem meios “formais” de verificar o nível de autoconhecimento como questionários prontos. Porém, uma autoanálise franca e racional, na maioria das vezes guiada por um psicoterapeuta, continua sendo o meio mais coerente de encontrar essa “métrica”. A métrica é basicamente a nossa reação emocional aos acontecimentos. Ela não deve ser entendida como um indicador de vaidade ou caráter, mas simplesmente como reagimos.

Quando isso é compreendido, nos julgamos menos e entendemos dois pontos: 1)o quanto nosso mundo interno é influenciado pelas situações ao redor, e 2) desenvolvemos maior controle sobre isso.

Eis aí a importância de usar os recursos adequados para exercitar esse controle. Abaixo listamos 05 meios, entre técnicas e recursos com suas devidas características, para alcançar isto.

 

As 05 formas de investir no autoconhecimento

 

#1. Faça uma avaliação com um profissional

Muitos ainda associam a ida a um psicólogo como sinal de fraqueza ou inferioridade. Porém, a Psicologia possui um arsenal muito rico de instrumentos e ferramentas que ajudam a entender com mais clareza, e de forma breve, certos padrões de comportamento.

Assim como uma avaliação médica, através de uma avaliação psicológica é possível entender nossas respostas aos acontecimentos e como melhorá-las. Com esse recurso, o terapeuta indica como nossa personalidade reage a diversas situações de um ponto de vista emocional, cognitivo e comportamental.

Isso pode ajudar nos mais diversos objetivos: planos de estudo, maior capacidade de controle, planejamento e autoconfiança, a condução da carreira, a convivência com familiares com dificuldades emocionais e assim por diante.

 

#2. Use o Eneagrama

O Eneagrama é uma ferramenta milenar usada no Egito Antigo para se compreender o mundo baseado na lógica matemática e ao mesmo tempo na espiritualidade. Através dos milênios ele passou por vários enxertos de conhecimento das mais diversas ciências.

Na década de 1970, o Eneagrama passou a incorporar aspectos da Psiquiatria e da Psicologia. Hoje é usado como um mapa psicoespiritual do comportamento humano. Ele classifica a personalidade em nove tipos, permitindo entender muito do comportamento desde a infância e de maneira profunda – desde motivações conscientes a inconscientes.

Com ele ainda é possível entender como funciona o adoecimento e produtividade conforme cada tipo de personalidade. Isso tem feito gestores e até mesmo roteiristas do teatro e cinema a usarem essa ferramenta para auxiliar seus trabalhos! Interessante, não é?

 

#3. Aprenda sobre suas zonas de desconforto

Já imaginou o que o nosso desconforto pode nos ensinar?

Muito se fala sobre sair da zona de conforto para alcançar objetivos de vida. Porém, a zona de conforto não deve ser encarada apenas como um território de inércia e preguiça; ela diz respeito da nossa segurança psicológica. Ou seja, até onde conseguimos agir.

Entender o que nos dificulta a partir deste limite é uma excelente maneira de criar formas respeitosas de se desenvolver. São as chamadas zonas de desconforto a que a terapeuta Philippa Perry menciona em seu livro “Como manter a mente sã”.

Elas acontecem em zonas: na primeira, realizamos as coisas desconfortáveis sozinhos; na segunda, já precisamos de ajuda; na terceira, já não realizamos nada pela sensação de não se ter o controle, medo ou inaptidão.

Nos termos de Philippa, entender essas zonas é algo útil para tentar “expandir nossa área de conforto”. A ideia é fazer isso a passos curtos com o apoio de uma metodologia de organização pessoal e não se envergonhar caso seja necessário pedir a ajuda de alguém. Afinal, o que tentamos é para nós mesmos.

 

#4. Faça a gestão de sua energia

O que vale mais: seu tempo ou sua energia? Compreender sobre isso também faz parte de conhecer-se.

A busca incessante por aproveitar melhor o tempo tem um efeito negativo: o afastamento de si.  À medida que direcionamos nossa energia somente para o mundo externo, não cultivamos a autoanálise nem paramos para refletir sobre nossas respostas aos acontecimentos.

Isso acontece devido a nossa cultura tão focada na produtividade máxima e na busca por resultados com os quais podemos engrandecer o ego.

A gestão do tempo é, com certeza, algo valioso para a organização pessoal. Porém, é importante observarmos no que temos investido nossa energia. Não se trata de ignorar compromissos agendados, mas de um direcionamento inteligente do nosso foco e talentos para aquilo que é importante e que agrega valor – a curto, médio e longo prazo. Percebe o quanto isso tem a ver com autoconhecimento?

 

#5. Psicoterapia

Este último não poderia ser deixado de fora!

A psicoterapia é um processo valioso de fortalecimento emocional para lidar com os desafios da vida. O objetivo é a ampliação da consciência de si e desenvolvimento de recursos emocionais para lidar com eventos que possam causar sofrimento.

Por conta de uma cultura muito focada na produtividade e na comparação, muitas vezes ela é tida como um sinal de falha. Além de tudo isso, ela é o recurso mais valioso para o tratamento de transtornos como o de ansiedade, esgotamento e depressão.

Sendo assim é indicada tanto para os que valorizam o autoconhecimento e buscam desenvolver suas potencialidades como para o tratamento do adoecimento mental.

 

 Em resumo

Quando se trata de autoconhecimento, é perigoso para o amadurecimento encará-lo como uma espécie de “inteligência de berço”. Na verdade, ele é fruto de escolhas direcionadas e compatíveis com a realidade de cada um. Embora seja realmente uma aptidão, pode ser desenvolvido. Ou seja, é um exercício que, em sua essência, envolve reconhecer-se como um eterno aprendiz. De si mesmo e do mundo.

Foto: ConvertKit - Unsplash