Comece pequeno, mas comece

19.02.2021 | Pessoas

Comece pequeno, mas comece
Somos um conjunto de hábitos e, por esse mesmo motivo, é hábito nosso a teimosia. Por medo da perda, do erro ou do julgamento, teimamos em certas coisas como forma de ressaltar quem somos. Mas, como todo hábito, é possível fazer disso história para contar e estabelecer novas formas de agir. Pela força do hábito mesmo.

 

Já reparou como na maior parte das vezes esperamos o tempo ideal para iniciar algo novo? Da mínima tarefa que seja – de ler uma hora por dia, ajeitar a goteira na torneira a vinte minutos de meditação ao dia – a algo maior e fora da zona de conforto, como aprender a cozinhar um prato mais complexo, se aventurar em uma nova língua ou (a clássica) começar uma atividade física.  

As desculpas que a gente se dá são como cheiro de carro novo. A ciência tem mostrado que é mais do que um apego emocional às desculpas. Iniciar novos hábitos é um processo difícil para o cérebro associar com benéfico. Não que ele nos queira mal, mas boa parte da vida ele sempre agiu de uma maneira específica para obter resultados e se garantir existindo. Isto significa que a dificuldade de mudar um hábito ou criar um novo é algo real, e mesmo que esteja relacionada a algum tipo de desânimo ou comodismo não se reduz a eles.

O design do comportamento é um método que ensina o motivo de certas atitudes perseverarem em nós a ponto de virarem hábitos. Segundo seu expoente Fogg,” é um abrangente sistema que permite que você pense de forma clara acerca do comportamento humano e projete maneiras simples de transformar seus hábitos.” Foog também complementa que “ o método Micro-hábitos é o meio mais rápido e fácil para a transformação pessoal”. Ou seja, novos hábitos começam pequeno. 

O segredo está aí: precisamos aprender a começar pequeno. Isso requer seguir com micro-hábitos até que eles se sustentem e comecem a tomar corpo na forma de um hábito diário. 

Precisamos aprender a lidar com o progresso, que é gradual. Isso permite a experimentação, algo ótimo para ajudar a darmos o próximo passo rumo àquele objetivo tão sonhado. Em seu livro “Micro-hábitos”, BJ Foog propõe um modelo de entendimento do comportamento que, em resumo, diz que todo comportamento acontece pela soma de motivação, capacidade e estímulo (ele chama de prompt). 

O gráfico abaixo pode nos ajudar a entender melhor essa composição:

Imagem: Micro-Hábitos – BJ Foog

Traduzindo em palavras, quando o estímulo para adotar determinado comportamento é de fácil execução e possui uma motivação alta, a chance de implementar este novo hábito é altíssima. Porém, caso a execução seja difícil e sua motivação baixa, o resultado é a frustração. 

O prompt seria o gatilho ou aquilo que dá liga à toda essa cadeia. Um exemplo prático de como é isso no dia a dia: no desejo de reduzir alguns quilos extras para minimizar a pressão nas articulações, procurei focar na reeducação alimentar e colocá-la em prática. A minha motivação era altíssima, eu desejava muito atingir o objetivo determinado por mim. A capacidade de adoção era alta, o roteiro estava pronto: precisava seguir a orientação da dieta da nutricionista que pendurei na geladeira. Isso me ajudou a seguir com o que me comprometi, ou seja, foi de execução fácil. E para fazer o estímulo sempre presente coloquei alarmes nos horários das refeições com nomes mais criativos como “Reforço da manhã”, “Ceia do relaxamento”. Assim, adaptei a rotina para que fosse fácil e fluido a mudança dos hábitos.

O design de comportamento é um recurso valioso que nos ajuda a agir com mais consciência, ou seja, deliberadamente. Nós conseguimos realizar qualquer mudança na vida desde que tenhamos em mente que é preciso começar pequeno. 

Hábitos novos são efeito de um processo, de uma caminhada que precisa ser prazerosa, o que vale para tudo aquilo que você precisa fazer – do saber dizer não ao sim. Aprender hábitos mais conscientes é um hábito que vale a pena – pode confiar.